Como já sabes, a composição
do nosso calendário sofreu várias alterações
ao longo dos tempos, ainda que mantendo sempre a concepção
inicial. Foi Julius Caesar (Júlio César) em 46
a.C., quem impôs novas regras restritas, criando o famoso calendário
Juliano, com anos regulares de 365 dias. Este calendário (luni-solar)
foi promulgado pelo decreto De Astris, substituindo o antigo
calendário lunar romano do rei Numa Pompílio. (Quem realmente
o desenvolveu foi um estudante de Astronomia graduado - Sosígenes
- mas César impôs o seu nome). No entanto, nunca ninguém
imaginou que um calendário assim fosse proporcionar um tão
grandioso salto no tempo!...
O resultado dos cálculos efectuados
para o calendário de então apresentou um ano com uma duração
de 365,25 dias, i. e., 365 dias mais um quarto (1/4) de dia. Como não
era possível introduzir apenas um quarto de dia em cada ano,
foi decidido acrescentar mais um dia de quatro em quatro anos. Este
dia extra foi posto imediatamente após o dia 23 de
Fevereiro. A escolha desta posição foi ditada pela
tradição (vigente desde os primórdios deste calendário),
na qual dias extra seriam colocados após esta data.
Como na altura, Fevereiro
tinha 29 dias em anos regulares (actualmente só 28, vide O
ano foi rescrito), aquele dia especial era o sexto dia antes do
princípio do mês seguinte, Março sexto
ante calendas martii. [1] O novo dia inserido
após aquele, por ser na realidade um dia irregular, passou a
ser o segundo sexto dia antes do princípio do mês
seguinte (bis sexto ante calendas martii). Esta excentricidade
definiu, então, o ano em que era colocado: o ano bissexto!
Para os puristas, o dia bissexto é o dia 24, e não, o
convencionado actual dia 29 de Fevereiro.
Infelizmente, os cálculos sobre a duração
do ano não estavam completamente correctos. Aqueles indicavam
um ano de 365,25 dias, diferindo do ano trópico em mais 11 minutos
e 14 segundos. Para teres uma ideia deste erro, a diferença representa
um excesso de 3 dias em 400 anos. No séc. XVI, este pequeno erro
já se tinha acumulado em cerca de 11 dias, estando o calendário,
por isso, demasiado adiantado relativamente ao ano trópico.
Para
resolver este problema, Papa Gregório XIII decretou em 1582,
na bula papal Inter Gravissimus, a modificação
do calendário. Nesta, foi atribuído ao ano uma duração
mais correcta de 365,2425 dias por ano, excedendo a realidade somente
em cerca de 3 dias por cada 10 000 anos. Para corrigir novamente o problema
das fracções de dias, as novas regras ditavam que os anos
passariam a ser bissextos apenas quando divisíveis por 4,
mas não por 100 (divisão inteira); no entanto, se
fossem divisíveis por 400 já voltariam a ser bissextos
(1996 e 2000 são bissextos, mas 1900 não é). [2]
Este calendário é designado
por Calendário Gregoriano ou de Novo Estilo. A adopção
deste calendário pelos diferentes países do Mundo foi
estendida pelo tempo. Só alguns países da Europa, incluindo
Portugal, o adoptaram imediatamente na data fixada por Gregório.
Mas a transição do calendário
Juliano para o Gregoriano apresentava um grave problema: o que fazer
aos dias acumulados em excesso? Gregório XIII resolveu este problema
de um modo simples, decretando que, para garantir a continuação
da semana, os onze dias do mês deveriam desaparecer misteriosamente!!
Conforme
o calendário abaixo, poderás verificar que entre 4 e 15
de Outubro de 1582, quinta-feira e sexta-feira respectivamente, existe
uma falha de 11 dias para garantir a tal sequência certa dos dias
da semana. Por causa desta falha, Santa Teresa D'Ávila, falecendo
a 4 de Outubro, foi sepultada no dia seguinte a 15 de Outubro!!
Outubro de 1582 | ||||||
Dom | Seg | Ter | Qua | Qui | Sex | Sáb |
1 | 2 | 3 | 4 | 15 | 16 | |
17 | 18 | 19 | 20 | 21 | 22 | 23 |
24 | 25 | 26 | 27 | 28 | 29 | 30 |
31 |