Uma
brincadeira para principiantes.
Vou
mostrar uma pequena aplicação do Origami na Matemática, particularmente na Geometria Plana.
Os
resultados parecerão óbvios, no entanto, os passos são muito atractivos
para quem se inicia ou em Origami, ou na Geometria Plana.
Parecem magia!
Dada a sua simplicidade, é possível realizá-los
durante uma aula.
Como
o Origami é uma arte que envolve movimento do papel
e raciocínio por quem o dobra, esta introdução será interactiva
- terá que se dobrar papel!
Para aumentar o coeficiente de surpresa... é imprescindível
que se executem as tarefas pedidas, à medida que o texto é
lido, senão vai perder-se todo o prazer da descoberta!
Como base de trabalho vão ser utilizadas folhas de papel
quadradas, que podem ser facilmente criadas a partir de qualquer
folha rectangular.
Como o fazer?... Um grande segredo...
Já agora, não
fica mal dar uma olhadela a toda a simbologia que vai ser utilizada
ao longo deste artigo.
O
rectângulo que se fez quadrado
O quadrado
tem uma largura - a e uma área - a2.
Vamos
então começar com a lição:
Em
primeiro lugar
vamos dobrar o quadrado ao meio transversalmente.
Resultado:
um quadrado pode ser decomposto em dois rectângulos
iguais, de lados, respectivamente, a e a/2.
Mas...
há ainda outra maneira de dobrar um quadrado ao meio, qual?...
Que tal na diagonal?
Resultado:
um quadrado pode ser decomposto em dois triângulos,
mais especificamente triângulos rectângulos, com catetos de
lado a.
Tanto
o rectângulo obtido na primeira dobragem, como o triângulo
da segunda, têm ambos a mesma área! Não parece, pois não?
Conclusão:
um quadrado pode então ser decomposto ou em dois
rectângulos iguais, ou em dois triângulos iguais, tendo
todos a mesma área!
Vamos
então avançar um pouco mais!
(Isto
foram somente as bases)
Se
possível, deve utilizar-se a partir de agora duas folhas
quadradas de cores diferentes.
Assim será mais fácil verificar todas as diferenças
e semelhanças.
Vamos
dobrar umas das folhas de forma a criar a base da flor, como
se pode ver no diagrama seguinte.
Quantos
quadrados se consegue contar no exterior? Quais são as
suas dimensões?
Conclusão:
um quadrado pode ser formado por quatro outros quadrados,
mais pequenos, cada um com uma largura a/2 e uma área
(a2)/4.
Vamos
agora dobrar a outra folha, afim de criar a base da bomba de
água.
Quantos
triângulos é possível contar? Quais são
as suas dimensões?
Conclusão:
um quadrado também pode ser formado por quatro triângulos,
cada um com uma hipotenusa de largura a (qual a largura
dos catetos?) e uma área (a2)/4 relativamente
ao quadrado-mor.
Devido
a efeitos ópticos, a segunda base parece ser "maior" do que
a primeira, certo?
Mas, na realidade, são iguais.
Magicamente
cada uma das bases é a inversa da outra! ...hã?!
Ou seja, consegue-se transformar um quadrado, decomposto
em triângulos, num decomposto em quadrados mais pequenos,
e vice versa, sem aplicar qualquer tipo de cortes!
Cada uma das mini-unidades irá dar outra mini-unidade invertida!
(mais precisamente, cada meia unidade de cada duas mini-unidades
dará a sua inversa) - complicado?
Vamos
então a mais um exemplo para clarificar as ideias.
Como
se faz? Simples!
Só é necessário pegar
numa das bases e empurrar o bico superior, como indicado na figura,
até...
..:::
P O P ! ! :::..
...aparecer
magicamente a outra base.
(Dica:
enquanto se puxam as abas opostas, para fora e para cima, com os
dedos indicadores de cada mão, empurra-se o bico, com um polegar,
na direcção oposta!)
Mas
as bases são ou não são iguais?
É facílimo comparar, introduzindo uma dentro da outra!
Moral
da história:
Consegue
provar-se duas ideias diferentes, recorrendo a um mesmo processo!
Inicialmente, caminha-se em direcções opostas, mas chega-se ao mesmo
resultado!
É destes
desafios que os Matemáticos gostam!
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